quarta-feira, 3 de março de 2010

CATÓLICOS E MUÇULMANOS UNIDOS CONTRA A MANIPULAÇÃO DA RELIGIÃO


Arquivo: Papa recebe líder mulçumano no Vaticano, em 2008

Vatican Information Service, com tradução de CN Notícias

Católicos e mulçumanos estiveram reunidos, nos últimos dias de fevereiro, para debater sobre a violência confessional.

Algumas das recomendações acordadas entre os participantes foram "prestar mais atenção para o fato de que a manipulação da religião com fins políticos ou de outra natureza pode ser uma fonte de violência; evitar a discriminação com base na identidade religiosa; abrir o coração à reconciliação e ao perdão recíprocos, condições necessárias para uma convivência pacífica e fecunda".

Trata-se da reunião anual do Comitê conjunto para o diálogo do Comitê Permanente de Al-Azhar para o Diálogo entre as Religiões Monoteístas e o Pontifício Conselho para o Diálogo Interreligioso, que aconteceu entre os dias 23 e 24 do mês passado em Cairo (Egito).

No final da reunião, o xeque Abd al-Aziz Wasil, "wakil" (representada em assuntos jurídicos) de Al-Azhar e presidente do Comitê Permanente para o Diálogo e o presidente do Conselho Pontifício para a Diálogo Interreligioso, Cardeal Jean-Louis Tauran, assinaram uma declaração conjunta.

Segundo se explica em uma nota, "os participantes foram recebidos pelo grande imã de Al-Azhar, o professor e xeque Mohamed Sayyed Tantawi, a quem o Cardeal Tauran agradeceu por ter condenado os atos de violência que mataram seis cristãos e um policial muçulmano em Naga Hamadi (Egito), no passado Natal Ortodoxo, por ter manifestado solidariedade às famílias das vítimas e por ter reafirmado a igualdade dos direitos e deveres iguais para todos os cidadãos, independentemente da sua filiação religiosa. O xeque Tantawi declarou que somente fez o que considerava seu dever frente a estes trágicos acontecimentos".

O Comitê analisou o tema "O fenômeno da violência confessional: compreender o fenômeno e suas causas e propor soluções, com referência particular ao papel das religiões neste sentido".

Muçulmanos e católicos também pediram "reconhecer as semelhanças e respeitar as diferenças como condição de uma cultura de diálogo, baseada em valores comuns; afirmar que ambas as partes se comprometem novamente no reconhecimento e respeito pela dignidade de todo o ser humano, sem distinção de etnia ou religião; opor-se à discriminação religiosa em todos os campos (leis justas deveriam garantir uma igualdade fundamental); promover ideais de justiça, solidariedade e cooperação para assegurar uma vida pacífica e próspera para todos".

Os participantes se comprometeram a "opor-se com determinação à qualquer ato que tenda a criar tensões, divisões e conflitos nas sociedades; promover uma cultura de respeito e diálogo recíprocos por meio da educação na família, na escola, nas igrejas e mesquitas, difundindo um espírito de fraternidade entre todas as pessoas e a comunidade; opor-se aos ataques contra as religiões por parte dos meios de comunicação social, em particular nos canais por satélite, tendo em conta o efeito perigosos que essas transmissões podem ter sobre a coesão social e a paz entre as comunidades religiosas".

Finalmente, exigiram "assegurar que a pregação dos responsáveis religiosos, bem como o ensino escolar e os livros de texto não expressam afirmações ou façam referência a acontecimentos históricos que, direta ou indiretamente, possam suscitar uma atitude violenta entre os seguidores das diferentes religiões".

O Comitê estabeleceu que a sua próxima reunião acontecerá em Roma, nos dias 23 e 24 de fevereiro de 2011.

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