Eu e o Pai somos um
Estas palavras de Jesus ocorrem em um discurso mais longo, pronunciado durante a festa da Dedicação, em Jerusalém. Na festa anterior, das Tendas, Jesus já fizera a autoproclamação figurativa: "Eu sou o Bom Pastor". A imagem é bela e permanece guardada nos corações através dos séculos. Embora seja uma imagem rural e mais específica de determinadas regiões, é facilmente compreendida por todos. O proclamar/falar e o conhecer, o ouvir e o seguir, exprimem uma relação de diálogo e acolhida existente entre Jesus e os discípulos. É a palavra e a escuta que estabelecem o diálogo. É o diálogo que leva ao conhecimento e à união de amor, o seguimento. A união de amor na comunidade, com Jesus, significa a integração na vida eterna de Deus. A dupla menção: "Ninguém vai arrancá-las da minha mão", "ninguém pode arrancá-las da mão do Pai [.], que é maior do que todos" indica o pano de fundo do conflito vivenciado pelas comunidades dos discípulos ameaçadas pela sinagoga, no tempo da redação de João. Contudo, para os que creem não há maior garantia. Estamos envolvidos pela vida divina: "Eu e o Pai somos um". Os discípulos de Jesus, desde as primeiras missões, enfrentaram dificuldades semelhantes às do mestre. Assim aconteceu com Paulo e Barnabé, em sua primeira viagem missionária (primeira leitura). Trabalharam arduamente, insistindo junto aos discípulos para que continuassem firmes na graça de Deus, apesar das provocações dos judeus cheios de inveja. Igualmente as comunidades joaninas de Éfeso, no fim do primeiro século, sofriam grandes perseguições (segunda leitura). Elas sofrem a "grande tribulação", mas estarão, dia e noite, diante do trono do Cordeiro, que é o próprio pastor que conduz às fontes de água vivificante.
José Raimundo Oliva
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