terça-feira, 14 de julho de 2009

DOCUMENTO DE PUEBLA 30 ANOS DEPOIS DAQUELES DIAS

Chamou-me a atenção, quando participava da assembleia trimestral diocesana, o fato de ouvir comentários a respeito da terceira conferência geral do episcopado latino-americano e do caribe, (CELAN), que aconteceu na cidade mexicana de Puebla entre os dias 27 de janeiro a 13 de fevereiro de 1979. Esta conferência teve como tema central “A evangelização no presente e no futuro da América Latina”, e Assim, recebeu, em suas conclusões, a denominação de “Documento de Puebla”.

Fico sempre muito fascinado por fatos acontecidos de grande relevância para o mundo e principalmente para um aprendizado particular, que possa nos fortalecer substancialmente naquilo em que procuramos nos aprofundar, conhecer para amar e dentro das possibilidades, defender, no caso em questão a Doutrina da Igreja, a ponto de ir buscar na fonte ou mesmo em grandes opiniões de grandes homens da nossa igreja, com o objetivo de me incluir e opinar sobre fatos ocorridos que gerou documentos importantes para a nossa igreja, como é o caso do Documento de Puebla.

or outro lado, sou um apaixonado pela “biblioteca” de documentos que tem a igreja católica. Lógico que conheço muito pouco dessa coleção literária eclesial, pois, no meu caso, como “leigo” tenho poucos colaboradores – leia-se ai, Padres, religiosos, teólogos. – por isso, atrevi-me a ir de encontro com informações que me fizesse conhecer a 3º CELAN. Encontrei um documento belíssimo e bastante rico, onde nos possibilita enxergar as luzes que emanam da atuação da igreja no mundo e em nosso país, nos dias atuais.

Aberta pelo Papa João Paulo II, no dia 28 de janeiro de 1979, na Basílica de Nossa Senhora de Guadalupe, Padroeira da América Latina, na Cidade do México e no Seminário Palafoxiano de Puebla, a conferência tinha como objetivo rever a caminhada da igreja em nosso continente, à luz do evangelho, do concilio, das conclusões de Medellín e da Exortação Apostólica do Papa Paulo VI “Evangelii Nuntiandi” (Sobre a Evangelização no Mundo Contemporâneo), frente à realidade da América Latina.

Numa visão meramente humana, portanto, sujeito a erros, percebe-se que o documento de Puebla, não diferente das conclusões de Medellín, coloca as atenções da igreja voltadas mais para os problemas sociais da América Latina como: a pobreza, a fome, a miséria, o analfabetismo e critica, politicamente falando, a marginalização popular. Este documento tem como linha de ação a prioridade pelos pobres e pelos jovens, que de fato é a principal luta da igreja em todos os tempos. Se ver em alguns fatos da imprensa que a 3º CELAN, teve seus momentos de conflitos e de algumas opiniões contrárias à sua realização, como é o caso de Dom Hélder Câmara, nosso “santo” centenário, e assuntos emblemáticos como as CEBs (comunidades Eclesiais de Bases) e a Teologia da Libertação, defendida pelo então Frei Leonardo Boff.

Devemos registrar que esta conferência, foi o primeiro grande desafio do Papa João Paulo II, pelo menos em terras da América, onde o Pontífice, em sua mensagem de abertura faz uma exortação ao homem de boa vontade a viver a “civilização do amor”.

Sobre o tripé: A verdade sobre Jesus Cristo; A verdade sobre a Igreja e A verdade sobre o Homem, a conferência de Puebla, quer nos dizer que: não há evangelização verdadeira, enquanto não se anunciar o nome, a vida, as promessas, o reino, o mistério de Jesus de Nazaré, Filho de Deus, que a Igreja nasce da resposta de fé e que a verdade que devemos ao homem é, antes de tudo, uma verdade sobre ele mesmo.

Além disso, Puebla está inserido num Binômio: A Comunhão e a Participação e que através deste binômio, as conclusões de Puebla sentiu a necessidade de um fortalecimento maior da família, da juventude e dos problemas sociais que inserem todas as pessoas.

Em seus pontos mais importantes, o Documento de Puebla, procura ver a realidade e enfocar a visão pastoral diante da realidade da América Latina. A igreja recebeu a missão de levar ao homem a Boa Nova de Cristo, e para realizar essa missão é salutar dizer que ela precisava conhecer o contexto histórico do povo Latino-Americano, tendo a consciência que ele continua sendo evangelizado como herdeiro do passado, como protagonista do presente, como construtor de um futuro, em busca do reino definitivo. Nesse confronto da realidade com a visão do projeto de Deus, a igreja quer perceber os seus desajustes e acertos dentro do método “Julgar”, a fim de que seja compreendido melhor o significado de sua grande tarefa de ser evangelizadora.

Além disso, tem-se como urgente invocar os homens de boa vontade, para uma grande concentração de esforço, no sentido de colocar o método “agir” dentro das pastorais para se evitar os males oriundos da falta de educação para o amor e para o serviço.

Se formos notar com precisão, o Documento de Puebla tem muito das conclusões de Medellín e certamente colaborou muito para o Documento de Aparecida, porque a igreja continua defendendo e preferindo o pobre, continua com a coragem de denunciar a marginalização popular, continua insistindo na restauração das famílias nos dias atuais e, sobretudo, continua sua caminhada de evangelização. Quanto ao que se refere no conflito causado pela Teologia da Libertação e no ponto de discussão sobre as CEBs, foram superados ou esquecidos, pois como o tempo anda rápido, vamos agora buscar diálogo para uma certa Teologia da Prosperidade e pegar o barco, no próximo porto, que conduz as “novas comunidades”.

Luis de Bevenuto
Coordenador da Pastoral Familiar Apodi

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