quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

CAUSAS E CONSEQÜÊNCIAS

O politicamente correto é o dogma do nosso tempo. Pobre de quem questionar seus decretos. Será condenado à fogueira da ridicularização, será tachado de inimigo do progresso, de obscurantista. A legalização do aborto (eufemisticamente tratado como “interrupção da gravidez”, termo mais palatável), a utilização de embriões para pesquisas e a eutanásia são alguns tópicos do seu index dogmático.

O politicamente correto exerce a pior forma de coerção. Afinal, a pior violência não é aquela declarada, aberta, ostensiva. É aquela que, travestida de virtude, com a aparência do bem, ilude os incautos, engaja os adeptos, oprime os opositores. E nunca, “neste país”, o politicamente correto encontrou terreno tão fértil como agora, para enunciar suas teorias e materializar seu ideário.

Querem um exemplo concreto? O self-service do látex, a máquina automática que despejará preservativos no colo dos alunos da rede pública a partir do ano letivo de 2009. A garotada, acostumada com máquinas similares, que oferecem refrigerantes e salgadinhos, poderá, com um simples toque de botão, ter acesso ao tal “sexo seguro”. Isso é que é modernidade!

Uma das principais características do politicamente correto é passar a idéia de que determinada situação está fora de controle. A solução? Combater as causas?

Não, o negócio é contornar as conseqüências, sabe como é...Dessa forma, desde muito cedo, as crianças convivem diariamente com imagens e estímulos que incentivam a erotização precoce: outdoors, propagandas, filmes, músicas etc, etc, etc. A maioria dos pais, filhos de uma geração repressora, sentem uma espécie de remorso de impor limites, de proteger seus filhos de tanto lixo, enfim, de educar. Afinal, educar dá um trabalho... exige tempo, paciência, dedicação...

Nesse contexto, o governo, tão intolerante quando alguém discorda de suas posições, quer se intrometer na educação dos nossos filhos. Quer dizer o seguinte: vocês, pais, vocês, mães, perderam a batalha contra Eros. Já que vocês não sabem educar seus filhos, nós, do alto da nossa estatura moral, vamos dar camisinha para eles. Afinal, como já dissemos repetidas vezes, eles podem “transar” à vontade, mas com camisinha.

Aliás, ou o produto camisinha é ruim ou os sucessivos governos são péssimos em publicidade. Afinal, já se utilizaram diversas formas de propaganda, com temas diferentes incentivando o uso de preservativos e, mesmo assim, a “galera” não adere. Ou será que adere, mas o resultado não é o prometido, não garante “risco zero” de contaminação? Já que hoje tanto se fala no direito à escolha, sugiro, pelo menos, uma campanha opcional, com foco na castidade (verdadeiro tabu nos dias de hoje), paralela à outra, que incentiva o “vale tudo com camisinha”. Por que essa ditadura de costumes?

Os partidários do PC (calma, quer dizer Politicamente Correto) podem não gostar, mas vou propor algo revolucionário: por que não fazer uma campanha que valorize o amor, que incentive os pais para que eduquem filhos e filhas com base no respeito ao outro e, por que não, que proponha que vale a pena esperar. Que cada ser humano é único e irrepetível, não algo descartável, a exemplo da camisinha.

Como otimista incorrigível, vejo que essa é uma ótima oportunidade para dar um basta nisso tudo. Ninguém, n-i-n-g-u-é-m, pode substituir os pais na educação dos filhos. Quem sabe esse absurdo faça “cair a ficha” e os pais se mobilizem contra essa idéia surrealista.

Combater as causas, sem dúvida, não é tão simplista como driblar as conseqüências. Mas, o que queremos? Soluções ou paliativos?

Roberto Zanin é jornalista

Fonte: Cleofas.com

Nenhum comentário: