quinta-feira, 16 de outubro de 2008

FAÇA O BEM E EVITE O MAL Lc, 1147-54

No seu caminho, Jesus desmascara os donos da estrutura antiga. Os fariseus deixam de lado a justiça e o amor de Deus e, para esconder roubos e maldades, se refugiam atrás de todo um aparato de falsa religiosidade. Os especialistas em leis se apossam da chave da ciência, isto é, interpretam as leis de acordo com seus próprios interesses; exercem assim controle ideológico sobre o povo, impedindo-o de ver as possibilidades de transformação.

A franqueza usada por Jesus no confronto com os seus adversários permitia-lhe entrever o que se passava no coração deles. Recusava-se a pactuar com sua hipocrisia, denunciando o modo como pretendiam agradar a Deus. Essa liberdade de Jesus em denunciar o comportamento dos seus adversários só podia torná-lo alvo de ódio feroz.

A experiência do Mestre estava em perfeita consonância com a dos profetas do passado. Também eles foram perseguidos e mortos, sem que o povo desse ouvido à apelos. Em outras palavras, preferiu-se calar a voz de Deus a acolhê-la com humildade e desejo de conversão.

Mais que todos os profetas e mensageiros do passado, Jesus era a voz privilegiada de Deus na história humana. Na condição de Filho, fora enviado para proclamar o caminho da salvação. Todas as suas palavras e suas ações deveriam levar as pessoas a se converterem para o Reino. No entanto, por parte de um grupo de escribas e fariseus, só encontrou fechamento e recusa de acolher o caminho que ele lhes propunha.

A ti que és sacerdote, líder do grupo, responsável de setor, catequista, professor, pai, mãe, casado, noivo, namorado ou sei lá a função que ocupas em casa, na comunidade eclesial ou civil o Pai te pedirá contas desse grupo de pessoas, sub tua responsabilidade, como pediu aos doutores da lei e fariseus que derramaram o sangue dos profetas, desde a criação do mundo. Tamanha insensibilidade foi e pode continuar clamando aos céus! E sua punição manifestou e continua manifestando a rejeição divina de pactuar com a maldade.

Deus quer que eu e tu não façamos o pacto com a maldade. Siga a lei da consciência. De pouco teria servido o ter gravado Deus na natureza humana a lei moral, que dirige e salvaguarda a liberdade, se ao mesmo tempo não tivesse dado uma capacidade co-natural de conhece-la; de modo que os imperativos morais realmente orientem a conduta do ser humano para com Deus, que é o autor da lei. Mas a Providência não falha e, como ensina a Constituição pastoral Gaudium et spes do Concílio Vaticano II, no profundo de sua consciência o homem descobre uma lei que ele não deu a si mesmo, mas à qual deve obedecer e cuja voz ressoa, quando necessário, nos ouvidos de seu coração, chamando-lhe sempre a amar e a fazer o bem e a evitar o mal: faz isto, evita aquilo. Porque o ser humano tem uma lei inscrita por Deus em seu coração, em cuja obediência está à dignidade humana e pela qual será julgado.

Lembro-te de que a consciência é o núcleo mais secreto e o sacrário do ser humano, no qual está a sós com Deus, cuja voz ressoa no mais íntimo dela. Portanto, faça o bem e evite o mal. Serás feliz diante de Deus e dos homens.

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