Por Leandro Martins de Jesus
Fonte: Catecismo da Igreja Católica
Com a manifestação pública da Igreja ao mundo, pela efusão do Espírito Santo no dia de Pentecostes (cf. At 2,1s), inicia-se um "novo tempo" para a humanidade, o tempo da Igreja.
Neste novo tempo, a Igreja por meio de sua liturgia é encarregada de manifestar, tornar presente e comunicar a obra de salvação do Cristo, que vive e age na Igreja, que é o seu corpo.
"No dia de Pentecostes, pela efusão do Espírito Santo, a Igreja é manifestada ao mundo. O dom do Espírito inaugura um tempo novo na "dispensação do mistério": o tempo da Igreja, durante o qual Cristo manifesta, toma presente e comunica sua obra de salvação pela liturgia de sua Igreja, "até que ele venha" (1 Cor 11,26). Durante este tempo da Igreja, Cristo vive e age em sua Igreja e com ela de forma nova, própria deste tempo novo. Age pelos sacramentos" (CIC §1076).
É por meio dos Sacramentos que a Igreja dispensa as graças de Cristo aos fiéis. A Igreja "como que o sacramento" age como sinal e instrumento, é por meio dela que o Espírito Santo dispensa o mistério salvífico de Cristo. A Igreja com suas ações litúrgicas, embora peregrina nesta terra, já participa antecipadamente da liturgia celeste "Sentado à direita do Pai" e derramando o Espírito Santo em seu Corpo que é a Igreja, Cristo age agora pelos sacramentos, instituídos por Ele para comunicar sua graça. Os sacramentos são sinais sensíveis (palavras e ações), acessíveis à nossa humanidade atual. Realizam eficazmente a graça que significam em virtude da ação de Cristo e pelo poder do Espírito Santo (CIC § 1084)
Toda a liturgia da Igreja gira em torno do sacrifício eucarístico e dos sacramentos (1), que são sete, a saber: Batismo, Confirmação ou Crisma, Eucaristia, Penitência ou Confissão, Unção dos Enfermos, Ordem e Matrimônio.
Cristo enquanto caminhou no mundo antes de sua morte e ressurreição, realizava a obra salvífica de Deus através de todas as suas palavras e ações (cf. Lc 5,17; 6,19; 8,46), atencipando dessa forma o poder do seu mistério pascal. Diz-nos S. Leão Magno, "aquilo que era visível em nosso Salvador passou para os mistérios" (Sermão 74,2 apud CIC § 1116)
Assim como a Igreja iluminada pelo Espírito Santo distinguiu o cânon das Sagradas Escrituras, de forma análoga distinguiu também o tesouro dos sacramentos, os quais são da Igreja num duplo sentido, existindo "por meio dela" e "para ela" (Igreja).
"Os sacramentos são "da Igreja" no duplo sentido de que existem "por meio dela" e "para ela". São "por meio da Igreja", pois esta é o sacramento da ação de Cristo operando em seu seio graças à missão do Espírito Santo E são "para a Igreja", pois são esses "sacramentos que fazem a Igreja"; com efeito, manifestam e comunicam aos homens, sobretudo na Eucaristia, o mistério da comunhão do Deus amor, uno em três pessoas." (cf. CIC § 1118)
Quando se diz que os Sacramentos são "sinais eficazes da graça de Deus" (cf. CIC § 1131), este fato verdadeiramente ocorre, visto agir neles (Sacramentos) o próprio Cristo, por meio de sua obra salvífica. Assim sendo, os Sacramentos atuam "ex opere operato" (pelo próprio fato de ação ser realizada), independente da justiça ou santidade de quem o confere ou de quem o recebe. Entretanto, a frutuosidade do Sacramento validamente recebido, dependerá das disposições de quem o recebe.(2)
"A partir de momento em que um sacramento é celebrado em conformidade com a intenção da Igreja, o poder de Cristo e de seu Espírito agem nele e por ele, independentemente da santidade pessoal do ministro. Contudo, os frutos dos sacramentos dependem também das disposições de quem os recebe". (cf. CIC § 1128)
É importante frisar que os sacramentos são necessários à salvação, visto serem os canais da graça de Cristo a atingir o homem, curando-o, transformando-o, conformando-o à Jesus, unindo-o de forma vital ao Salvador. (cf. CIC 1129)
NOTAS
(1) " 6. Portanto, como Cristo foi enviado pelo Pai, assim também ele enviou os apóstolos, cheios do Espírito Santo, não só porque, pregando o Evangelho a todos os homens anunciassem que o Filho de Deus com a sua morte e ressurreição nos livrou do poder de satanás e da morte e nos transferiu para o reino do Pai, mas também para que levassem a efeito, por meio do sacrifício e dos sacramentos, sobre os quais gira toda a vida litúrgica, a obra de salvação que anunciavam. Assim pelo batismo os homens são inseridos no mistério pascal de Cristo: com ele mortos, sepultados, e ressuscitados; recebem o espírito de adoção de filhos, "no qual clamam: Abba, Pai " (Rm 8,15), e se tornam assim verdadeiros adoradores que o Pai procura. Do mesmo modo, toda vez que come a ceia do Senhor, anunciam a sua morte até que venha. Por esse motivo, no próprio dia de Pentecostes, no qual a Igreja se manifestou ao mundo, "os que receberam a palavra" de Pedro "foram batizados". E "perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comum fração do pão e na oração… louvando a Deus e sendo bem vistos por todo o povo" (At 2,41-47). Desde então, a Igreja jamais deixou de reunir-se para celebrar o mistério pascal: lendo "tudo quanto nas Escrituras a ele se referia" (Lc 24,27), celebrando a eucaristia na qual "se representa a vitória e o triunfo de sua morte" e, ao mesmo tempo, dando graças "a Deus pelo seu dom inefável" (2Cor 9,15) em Cristo Jesus, "para louvor de sua glória" (Ef 1,12) por virtude do Espírito Santo." (cf. Sacrosanctum Concilium n. 6)
(2) "É claro, porém, que a frutuosidade dos sacramentos depende das disposições pessoais de quem os recebe: ninguém é santificado sem que se abra ao dom de Deus, removendo os obstáculos à graça (o apego aos pecados e as más inclinações...)" (D. Estêvão T. Bettencourt, OSB in: Curso de Iniciação Teológica por correspondência, Módulo 30, p.119)
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