quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Comentário do Evangelho

Maria junto à cruz

O Evangelho de João é o único a registrar a presença da mãe de Jesus e de discípulos junto à cruz. Neste Evangelho vamos encontrar Jesus e sua mãe juntos apenas em dois episódios: nas bodas de Caná, na inauguração de seu ministério e na cruz, que encerra este ministério. Nos dois episódios Jesus dirige-se à sua mãe com a expressão "mulher". Com esta expressão, repetidamente, Jesus irá se dirigir também à mulher samaritana, à beira do poço, e será a expressão com que o Ressuscitado se dirigirá a Maria Madalena, ao lado do túmulo vazio. Nas bodas de Caná Jesus dizia que não tinha chegado sua hora. A hora de sua glorificação é a cruz. E é a partir desta hora que o discípulo que Jesus amava acolhe a sua mãe. Este "discípulo que Jesus amava" aparece algumas vezes no Evangelho sem ser nomeado. É interpretado como sendo a figura da comunidade de discípulos como um todo. É chegada a hora em que as comunidades darão continuidade ao ministério de Jesus assumindo a missão. A tradição sempre viu nesta narrativa final a vinculação da mãe de Jesus, Maria, com a Igreja, que a assume como mãe. Sob a ótica teológico-simbólica do evangelista João, pode-se também ver na mãe de Jesus uma representatividade dos israelitas sinceros que, a partir desta hora, devem se integrar nas novas comunidades de discípulos.

José Raimundo Oliva

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