Esta é uma das passagens preferidas daqueles que gostam de diminuir Maria. Aqui, Jesus afirma que a mãe e os irmãos d’Ele são aqueles que ouvem a palavra de Deus, e a põem em prática. Não podemos entrever nas palavras de Jesus um desprezo à Sua mãe. Antes pelo contrário, Jesus sabia que não houve uma mulher que fosse tão fiel às palavras de Deus Seu Pai senão Maria. Portanto, Jesus exalta aqueles que escutam a Sua Palavra e a põe em prática, a ponto de igualá-los à pessoa que Ele mais tem consideração no mundo, a sua mãe. É para mim e para ti que Ele dirige esta bem-aventurança. Se nós escutarmos e pusermos em prática seus ensinamentos, faremos parte da família de Jesus. E fazer parte da família implica dizer que teremos os mesmos direitos, os mesmos bens e os mesmos deveres!
Para aqueles que se questionam se Maria teve outros filhos ou não quero leva-los a meditar no termo “irmão”. No idioma falado naquela região, na época de Jesus, era utilizado para designar irmão ou primo. Não é este o filho do carpinteiro? Não é Maria sua mãe? Não são seus irmãos Tiago, José, Simão e Judas? E suas irmãs, não vivem todas entre nós? Donde lhe vem, pois, tudo isso? (Mateus 13,55-56). A Sagrada Escritura nos dá claros indícios dos supostos “irmãos de Jesus”, não eram filhos da mãe de Jesus (Maria), mas, parentes em sentido amplo. A palavra grega ADELPHOI, que nos Evangelhos é traduzida por “irmãos”, é equivalente ao vocábulo bíblico e semita “AH” que significa “parentesco em geral”,tanto em aramaico como em hebraico o termo “AH” não designa somente os filhos dos mesmos genitores, mas também os primos ou parentes mais distantes, devido a pobreza vocabular dessas línguas, como pode ser observado em Gênesis 13,8-14; 29,12.15; 31,23; I Crônicas 23,21-23; II Crônicas 36,10; II Reis 36,10; I Samuel 20,29; Juizes 9,23.
A certeza é que ela concebeu Jesus virgem, e permaneceu virgem após o parto inexplicavelmente (mistério de fé), e que após a sua morte, ela subiu aos céus sem pecado. O próprio Catecismo da Igreja Católica considera o ato sexual no Matrimônio uma bênção de Deus. Considera José como castíssimo esposo. No entanto, a nossa visão de castidade é um pouco distorcida: castidade não significa abstinência sexual, mas sim à vivência da sexualidade de forma sensata e coerente, respeitando o tempo de viver cada etapa da vida. Após o casamento, José e Maria poderiam ter relações sexuais, e isso não seria nenhum pecado. Pelo contrário, seria um ato abençoado por Deus. Conseqüentemente, não haveria motivo para se pensar que Maria seria menos santa e digna por causa disso. Afinal, ela foi a mãe do Filho de Deus.
A união com Jesus não se dá por vínculos de sangue ou raça, mas pela união ao amor misericordioso do Pai que vem libertar e trazer vida a todos os homens e mulheres. Freqüentemente as famílias se fecham em torno de tradições e de interesses particulares, até excludentes. Jesus amplia um conceito tradicional e hermético de família para um conceito aberto e solidário, com uma dimensão universal. Na medida em que a família se comprometa com o fazer a vontade do Pai ela se abre para a partilha, a solidariedade e a acolhida aos mais excluídos e empobrecidos, sem preconceitos e com amor.
Ele indica assim o parentesco espiritual que o liga ao povo que resgatou. Os seus irmãos e as suas irmã são os homens santos e as mulheres santas que tomam parte com ele na herança celeste. A sua mãe é toda a Igreja porque é ela quem, pela graça de Deus, gera os membros de Jesus Cristo. A sua mãe é também toda a alma santa que faz a vontade do Pai e cuja caridade fecunda se manifesta naqueles que gera para Ele, até que Ele mesmo neles seja formado (Ga 4,19). Maria é certamente a mãe dos membros do Corpo de Cristo, isto é, de nós próprios, porque, pela sua caridade, ela cooperou para gerar na Igreja os fiéis que são os membros do corpo místico de Jesus.
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